quinta-feira, 23 de julho de 2009

ESTOU VELHO

'Estou velho.
Não gosto dos sem terra. Dizem que isto é ser reacionário, mas não gosto de vê-los invadindo fazendas, parando estradas, ocupando linhas de trens, quebrando repartições públicas, tentando parar o lento progresso do Brasil.
Estou velho.

Não acredito em cotas para negros e índios. Dizem que sou racista. Mas para mim racista é quem julga negros e índios incapazes de competir com os brancos em pé de igualdade. Eu acho que a cor da pele não pode servir de pretexto para discriminar, mas também não devia ser fonte para privilégios imerecidos, provocando cenas ridículas de brancos
querendo se passar por negros.
Estou muito velho.

Não quero ouvir mais noticias de pessoas morrendo de dengue. Tapo os ouvidos e fecho os olhos, mas continuo a ouvir e ver. Não quero saber de crianças sendo arrastadas em carros por bandidos, ou de uma menininha jogada pela janela em plena flor de idade. Ou de meninos esquartejaos pelos pais por serem 'levados'...
Meu coração não tem mais força para sentir emoções. Me sinto mais velho que o Oscar Niemeyer. Ele, velho como é, ainda acredita em comunismo, coisa que deixou de existir.
Eu não acredito em nada.

Estou cansado de quererem me culpar por não ser pobre, por ter casa, carro, e outros bens, todos adquiridos com honestidade, por ser amado por minha mulher e filhos.
Nada mais me comove... Estou bem envelhecido.

E acabo de cometer mais um erro! Descobri que ainda sou capaz de me comover e de me emocionar. O patriotismo de uma jovem de Joinville usando a letra do Hino Nacional para mostrar o seu amor pelo Brasil me
comoveu.
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Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino. O título recomendado pela professora foi: 'Dai pão a quem tem fome'.
Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade. E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um texto, que demonstra que os brasileiros verde amarelos precisam perceber o verdadeiro sentido de
patriotismo. Leiam o que escreveu essa jovem. É uma demonstração pura de amor à Pátria e uma lição a tantos brasileiros que já não sabem mais o que é este sentimento cívico.
'Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar:
O que houve, meu Brasil brasileiro?
Perguntei-lhe!
E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: Estou sofrendo. Vejam o que estão fazendo comigo...
Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores.
Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante.
Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes?
Eu era a Pátria amada, idolatrada. Havia paz no futuro e glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e dos
filhos deste solo era a mãe gentil.
Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.
Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim.
Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado. Pensei... Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes? Pensei mais... Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?
Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo, como uma criança dormindo em seu berço esplêndido.'
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Mesmo que ela seja a ultima brasileira patriota, valeu a pena viver para ler o texto. Por isso estou enviando para vocês.
Detesto correntes na Internet...mas agora que me tornei um velho emocionado, vou romper com este hábito.
De alguém que ama muito o Brasil.'

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Lacaniano de Passo Fundo

O psicanalista Mário Corso entrevista, para o Cultura,(Caderno de Cultura, Zero Hora, Porto Alegre) o Dr. Taurino Netto, conhecido como o lacaniano de Passo Fundo, patrão e fundador do Centro de Tradições Psicanalíticas Gaúchas – Proseando nos pelego É um contraponto ao Analista de Bagé, do Luiz Fernando Veríssimo.

Mário Corso: O Sr foi analisado pelo Analista de Bagé, como discípulo dele, considera que a teoria do joelhaço segue válida?
Taurino Netto: O joelhaço é a grande contribuição psicanalítica que o Rio Grande deu ao mundo, infelizmente ainda não foi reconhecida. Apenas tenho um senão com o Dr. de Bagé a respeito do croque. Não creio que se deva dar croque em paciente, isso puxa o lado criança dele, infantiliza o vivente. Temos que tratá-lo como gente grande, caso precisar dum corretivo o padrão é sentá o rebenque, coisa de adulto para adulto.
Mário Corso: Ainda que mal lhe pergunte, não tem muito gaúcho que acha que análise é frescura?
Taurino Netto: Todo mundo pensa assim até que a vida te chama na chincha, aí coisa é diferente. Quando, por exemplo, a prenda foi embora, ou um ente querido vai pros pagos do Patrão-Grande, ou ainda um filho saiu chambão e maconheiro. Nessas horas em que o vivente se sente esquilado pelo destino, ele afroxa o garrão e vem aprumá as idéias nos pelego do analista. Até por que, não tem por que um bagual ficar macambúzio e sentindo um minuano gelado na alma assim, sem serventia.
Mário Corso: Existem novas formas de neurose nos tempos atuais?
Taurino Netto: Foi bom me perguntar, até desenvolvi um conceito para isso, é a "Síndrome de Guaxismo". Tu sabes que guaxo é o que nasce pelos cantos sem ninguém cuidar, ou bicho que teve mãe postiça. Pois bem, o gaúcho foi pra cidade e se perdeu do chão da querência. Como não cultiva as coisas da terra, se sente sem raiz, sem pai nem mãe. Sente que ninguém cuida dele e que já não pertence a nada. Enfim, vai ficando mais perdido que cusco em tiroteio, e se não se cuida, tu sabes, de haragano prá boletero é uma orelha. Depois disso só maneando e chá de vara de marmelo.
Mário Corso: E antes que isso aconteça?
Taurino Netto: Pra prevenir é bom chimarrão, arroz de carreteiro, escutar uns discos do Noel Guarani e andar a cavalo. Feito isso, tá pelada a coruja.
Mário Corso: O que o Sr. acha dos recentes avanços na medicação?
Taurino Netto: Pois olha, eu ainda sô mais dos chás. Esses dias mesmo curei uma guria com carqueja. Veio pras consultas reclamar do mundo, do marido, dos pais, tudo era ruim. Pois pedi que cada dia tomasse três xícaras de chá de carqueja bem forte, uma ao acordar, depois pela tarde e a última pela noite. Passou um mês e ela ali só sapateando no meu saco, falando de tudo de ruim que os outros eram. Até que um dia ela diz que o chá não estava dando resultado, ela estava igual e que o chá era flor de ruim. E eu lhe disse que o chá não era para ela melhorar. E ela me pergunta: - pra que é então? Isso é prá tu ver como tu é com os outros, guria! Ela me responde: - eu sou como chá de carqueja? Pior, lhe digo, ao menos carqueja faz bem pros rins. Saiu batendo a porta, e mais sem graça que trote de vaca, mas nas sessões seguintes já estava mais pra chá de macela.
Mário Corso: Quem lhe parece que necessita de análise?
Taurino Netto: A neurose é quando o índio se atrapalha sozinho, quando não precisa de inimigo. Tu sabes que têm uns cuera que se enroscam as boleadeiras nas próprias pernas e a vida não vai pra frente nem pra trás. Pois os psicanalistas estão aqui pra desinliá o vivente, para que ele possa retomar as rédeas do seu destino. Demora um pouco por que neurose é coisa mais embretada que rato em guampa, e o analista tem que ter mais paciência que tropeiro de lesma.
Mário Corso: O Sr. tem outra teoria em desenvolvimento?
Taurino Netto: Estou trabalhando na definição da "Personalidade Carrapato" é o que mais tem hoje em dia. Sabe esses tipo que não conseguem ficar sozinhos, que não fazem nada, mas nada mesmo da vida, só enche a paciência dos em volta. Por isso é a "Personalidade Carrapato", vive do sangue e da vida dos outros, parece que veio para vida a passeio. E também ando lidando no aperfeiçoamento de um conceito: quem é mais vaqueano em psicanálise sabe que embora o joelhaço seja a contribuição mais conhecida, ela é técnica, e não se compara à contribuição teórica que o Analista de Bagé nos deu com a descoberta da Noemi, a porção feminina que todo gaúcho carrega naquele espaço espremido entre o ego e o id, nos fundos do superego. Cá entre nós, ele tem razão, mas acho que deveria se chamar porção Creuza. Pois bem, tenho tentado aperfeiçoar esse conceito e explicar todos os porquê da Creuza. Em outras palavras, como é que cada gaúcho segura a rédea firme e curta pra manter sua Creuza num andar seguro, pois se largar é ela que encilha o vivente.
È como eu sempre digo: mulher sardenta, cavalo passarinheiro e uma Creuza sem freio, alerta companheiro!
Mário Corso: E como é que o Sr. lida com a sua parte Creuza?
Taurino Netto: Tu sabe por que é que todo gaúcho anda de faca na cintura? É pra usa quando uns boi corneta insistem numas perguntas que não lhe dizem respeito. O cuidado de cada Creuza é assunto particular de cada gaúcho. Mas vou te dar uma opinião geral: na minha opinião manieta no tranco, é que vira o fio e faz a vaca ir pro brejo. O certo é aprender a conviver, na maioria das vezes é coisa pequena, não mais que um brinco na orelha. Muitas vezes é aqui entra o analista, pra apartá a peleia da Creuza com o resto do ego do vivente. E não é só ela, eu sustento que existe a porção Pedrão dentro de qualquer prenda. Pode ser a mais "sim senhor" e "com licença" das prenda e ela tem um Pedrão, que se não for domado, põe no cabresto o homem mais perto. Isso se o Pedrão dela já não tomou conta e se bandeou pros lado de ser Pedrão de outra prenda.
Mário Corso: Já que estamos no tema, como que o Sr. vê essa polêmica recente sobre se gaúcho de brinco pode ou não entrar em CTG?
Taurino Netto: Pessoalmente nunca usei, não uso e não usarei, se me virem de brinco pode me internar por que estou em surto psicótico. Agora, quanto aos outros, por mim tudo bem, é a sua porção Creuza se manifestando. Se quiserem podem até se vestir de prenda, mas tem uma coisa, depois não me vem reclamar...
E tem mais um porém, como eu só tenho uma dúvida no vestir, se é dia de bota ou de alpergatas, posso dizer: não é a pilcha que faz o gaúcho, senão qualquer mequetrefe poderia ser. O gaúcho é como uma faca, vale pelo fio, não pela bainha.
Mário Corso: Então lhe parece que o gaúcho tem um algo a mais, uma essência?
Taurino Netto: E como que não! Como Freud já dizia: Ein Gaucho zu sein ist eine Weltanschauung. (Ser um gaúcho é uma "pampavisão"). Olha esse mundo em reboldosa em que vivemos, e me diz se o alemão de Viena não tinha razão. É só entrevero e estrupício por todos lados. Nosso gaúcho é o único que não caiu do cavalo. Eu é que não saio do Passo Fundo.
Mário Corso: A que o Sr. atribui essa força do gaúcho?
Taurino Netto: Pois veja, penso que o gaúcho é um peleador também por causa do chimarrão. O mate é como a vida, é amargo mas a gente vai se acostumando até que fica bom e ainda clareia as idéia e as urina. Aliás, uma análise também é assim, o vivente tem que passar pelo momento amargo pra voltar a achar a vida doce. A vida é dura, como diz nosso filósofo passofundense Ernildo Pedroso: "o ser é uma faca sem cabo em que se perdeu a lâmina". Ou seja, no fundo somos coisica de nada, nosso destino é campear um sentido nesse grande pampa sem porteira e varrido pelo vento que é a vida.
Mário Corso: E porque o Sr. se chama de lacaniano?
Taurino Netto: Até que prum francês esse tal de Lacan sabia onde moravam as corujas. Vai muito do jeito, um analista sabe quando o outro é guapo e não se micha pra pega louco pelas guampa. E tem mais, pois não é que ele diz que: a mulher não existe. É o que eu sempre insisti, o que existe é a prenda.
Mário Corso: O que o senhor votou no plebiscito do desarmamento?
Taurino Netto: Votei pelo Sim. Gaúcho resolve as coisas na palavra. Apenas, se a coisa preteia é que se apela pro facão. Penso que revolver é coisa pra se apontar só contra castelhano.
Mário Corso: Dr. Taurino, para encerrar, uma pergunta já no estribo, como é que fica o gaúcho frente à globalização?
Taurino Netto: Cada dia melhor, é bom para nós, ou como é que de outro jeito vamos levar os ideais do Rio Grande mundo afora. Como o mundo vai nos tomar como modelo se não nos conhece? Nós já temos CTG no Japão, só vamos parar quando já tiver CTG de esquimó.
Publicado no Jornal Zero Hora, Caderno de Cultura, em 14 de janeiro de 2006.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Um dia você aprende que...

De William Shakespeare...

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto
e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você é na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você mesmo pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto,plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

segunda-feira, 16 de março de 2009

AUXILAR

"Eis que o semeador saiu a semear..." - Jesus - Mateus, 13:3

"A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior" - Cap. XVII, 10

Auxiliar, amparar, consolar, instrui!...
Para isso, não guardes o favor das circunstâncias.
Jesus foi claro no ensinamento.
O semeador da parábola não esperou chamado algum.
Largou simplesmente as conveniências de si mesmo e saiu para ajudar.
O Mestre não se reporta à leiras adubadas ou talhões escolhidos. Não menciona temperaturas ou climas. Não diz se o cultivador era proprietário ou rendeiro, se moço no impulso ou amadurecido na experiência, se detinha saúde ou se carregava o ônus da enfermidade.
Destaca somente que ele partiu a semear.
Por outro lado, Jesus não informa se o homem do campo recebeu qualquer recomendação acerca de pântanos ou desertos, pedreiras ou espinheirais que devesse evitar. Esclarece que o tarefeiro plantou sempre e que a penúria ou o insucesso do serviço foi problema do solo beneficiado e não dos braços que se propunham a enriquecê-lo.
Saibamos, assim, esquecer-nos para servir.
Não importa venhamos esbarrar com respostas deficientes da gleba do espírito, às desfigurada ou prejudicada pela urze da imcompreensão ou pelo cascalho da ignorância. Idéia e trabalho, tempo e conhecimento, influência e dinheiro são possibilidades valiosas em nossas mãos. Todos podemos espalhá-las por sementes de amor e luz.
O essencial, porém, será desfazer o apego excessivo às nossas comodidades, aprendendo a sair.

Do Livro da Esperança - Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 13 de março de 2009

SE EU PUDESSE...

Se pudesse deixar algum presente a você,
Deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.
Aconsciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos, para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse,
o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, otrabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse,
um segredo:
O de buscar no interior de simesmo a resposta e a força para encontrar a saída.

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ao Levantar-se

Agradeça a Deus a bênção da vida, pela manhã.
Se você não tem o hábito de orar, formule pensamentos de serenidade e otimismo, por alguns momentos, antes de retomar as próprias atividades.
Levante-se com calma.
Hoje será um excelente dia! – afirme ao espelho, sem medo, sorrindo.
As palavras positivas têm maior poder do que imaginamos, e são capazes de transformar tudo, dentro, e depois fora.
Se deve acordar alguém, use bondade e gentileza, reconhecendo que gritaria ou brincadeiras de mau gosto, não auxiliam em tempo algum.
A primeira impressão que se tem ao acordar, é determinante para os momentos futuros.
Quem gosta de acordar com susto, com ruídos incômodos, com tensão injustificada?
Guarde para com tudo e para com todos, a disposição de cooperar para o bem.
Antes de sair para a execução de suas tarefas, lembre-se de que é preciso abençoar a vida, para que a vida o abençoe.
Considere o ato de levantar-se como uma conquista diária: mais uma oportunidade! Mais um dia! Em frente!
Se a derrota já está no Espírito que não deseja sair da cama, dificilmente encontrará a tão sonhada vitória lá fora, no mundo.
Se a má vontade já o absorve nos primeiros segundos de vigília, como conseguir sorrir mais tarde?
Mesmo contra o mau humor crônico de alguns, você pode lutar, pode enfrentá-lo, modificá-lo. Basta uma atitude mental decidida, no sentido contrário.
Compare o seu levantar-se diário ao nascer do sol, e espelhe-se nele, com seus raios fulgurantes irradiando luz e calor para todos os cantos.
Espalhe a alvorada do coração para os que estão à sua volta também, pelo menos com um alegre: Bom dia!
Ninguém resiste a um Bom dia recitado com vontade, com carinho, pois junto dele vêm as boas vibrações, os fluidos universais modificados para o bem, alcançando a alma feito lenitivo poderoso.
Ninguém resiste a um abraço forte bem cedo, dizendo, sem palavras: Como é bom acordar e ver você ao meu lado!
Não há quem resista a uma gentileza logo cedo: um café da manhã preparado com desvelo; um bilhete amoroso; uma flor ao lado da xícara de café...
Não há quem resista a um sorriso, um carinho no rosto ao acordar, pois quando o amor alvorece tudo se transforma. Tudo que era noite vira manhã.
Assim, ao levantar-se, erga também o coração, na direção do Amor Sublime, do Criador da Vida, e agradeça por mais um dia, único, indispensável e fascinante.
* * *
Abrir os olhos... Puxar o ar com vontade... Vontade de quem quer viver.
Os pulmões se enchem de manhã, os olhos de sol, e num bocejo profundo expiramos... E lá se vai a noite de nossa alma aprendiz.
Não é mais um dia, não... É o único que temos... Pois o tempo é sempre presente (passado e futuro são invenções da memória e da esperança).
Abrir os olhos... Puxar o ar com vontade... Vontade de quem quer viver, de quem quer "bem viver".

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

E se a morte chegasse agora?

Se você soubesse que hoje iria morrer – o que faria?
Esta pergunta foi feita a um homem, no século XIII.
Era um homem iluminado.
Nascido em berço de ouro, conheceu as delícias da abastança.
Filho de rico mercador, trajava-se com os melhores tecidos da época.
Sua adolescência e juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo número de amigos.
Assim transcorria sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem.
Então, ele se despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o Irmão dos Pobres.
Sua alma se encheu de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito importantes, da natureza.
Chamou irmãos à água, ao vento, ao sol, aos animais.
Sua alma exalava o odor da alegria que lhe repletava a intimidade.
Muitos amigos o seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade.
Amigos na opulência, amigos na virtude.
Certo dia, enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe perguntou: Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria?
Francisco descansou o ancinho, por um instante.
Seus olhos, apagados para as coisas do mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza.
Suspirou, pareceu mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno: Eu?
Eu continuaria a capinar o meu jardim.
E retomou a tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade.
Quantos de nós teríamos condições de agir dessa forma?
A morte nos apavora a quase todos.
Tanto a tememos que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la.
Outros, nem comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos deprime, quando não nos atemoriza.
Algo como se ela nos visse e se recordasse de nos vir apanhar. E andamos pela vida como se nunca fôssemos morrer.
Mas, de todas as certezas que o mundo das formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: tudo que nasce, morre um dia.
Assim, embora a queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos impróprios, ela vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos.
Por isso, importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o derradeiro.
Não no sentido de angústia, temor, mas de sabedoria.
Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção.
Usar cada dia para o trabalho honrado, que nos confira dignidade.
Estar com a família, com os amigos.
Sorrir, abraçar, amar.
Realizar o melhor em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar.
Deixar um rastro de luz por onde passemos.
Façamos isso e, então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora, adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos antecederam.
Pensemos nisso.
Redação do Momento EspíritaEm 27.02.2009.